Letícia Figuerêdo
4 min readMay 22, 2021

Os piores términos são aqueles que não sentimos. Não sentimos a vontade de continuar longe. Tenho ânsia de ver, falar, contar meu dia. Terminamos, mas aqui dentro tenho tanta esperança... mas, sei la, talvez não seja pra agora. Amor não é sempre sobre dois, mas sobre como nos sentimos em relação a nós mesmos e, também, como o outro se sente em relação a gente. Não falo isso como uma regra, mas vale pra mim. E já que estou falando de mim, irei continuar. Depois de dias sem falar, nos pequenos diálogos despretensiosos, sinto que voltamos pro início, mas lembro que não podemos voltar pra aquele início porque não somos as mesmas. Muita coisa mudou. Crescemos, sim. A vida mudou, sim. Já dizia Charlie Brown Jr que "nossas escolhas vão dizer pra onde iremos... e se for pra falar de algo bom, eu sempre vou lembrar de você".
Vou sim.
Ainda falo: apesar das diferenças, brigas e mal entendidos, eu amo seu coração e foi por ele que me apaixonei. Sempre soube que vc era uma boyzinha e, em alguma hora, nossas fases seriam muito diferentes, mas sempre quis e vivi o máximo, suguei do nosso amor toda felicidade que podia sentir na vida. Não me arrependo.
Falo que ela é linda sim, o coração é lindo e puro. É tão puro que as vezes me dá raiva. Ela é sem maldade de um jeito que eu penso que é zoação. O fim não me deixou cega, não me fez deixar de enxergar suas qualidades incríveis, sua humanidade que vem do fundo do coração e falta em mim, inclusive. Falo sim que a "agitação" que ela sempre quis no relacionamento, vulgo, algumas discussões de vez em quando, não me deixou cega de mágoa.
A mágoa existe, e tudo bem. É natural se machucar, se magoar, discordar, acabar. Mas pra mim, isso nunca será motivo de falar mal.
Crescer se faz necessário sempre, e se cheguei até aqui é porque já fui. As vezes não entendemos o ridículo ou o cúmulo da infantilidade até vivermos aquilo. Ainda hoje me lembro de momentos com outras pessoas que eu sinto vergonha de mim.
Mas não dá pra negar, agora não dá.
Algumas conversas despretensiosas e gostosas. Algumas cobranças desnecessárias. Algumas chateações que não cabem no momento. A falta de tempo. A falta de tato.
Ah, minha grosseria... sim, sou. Ah, minha sinceridade... sim, sou, também.
Ambas magoam, de certa forma.
Mas eu já passei por isso antes, não nessa posição, mas foi vivido. Entendo o outro lado. Existe tanta coisa importante pra ser vivida agora, e falta tanta compreensão também...
O misto de sentimentos antagonistas que vivem em minha cabeça há duas semanas, as crises de ansiedade que causam, e aquele famoso entalo na garganta. Uma conversa boa e o entalo se transforma em lágrimas. As fotos, os vídeos, as lembranças, tudo se faz em lágrimas. Foi bom, sim. Foi ótimo.
O coração insiste. A mente insiste em balancear. É necessário, sabe? E ai surge aquela dúvida, aquele sentimento que no futuro vou me arrepender. Será?
Sou quem ama namorar e ter alguém. Compartilhar rotina é algo que faz parte de mim. Mas no fundo, sempre pensei que serei, até a morte, uma pessoa só. É um tanto irônico, mas real.
O que serei? Não faço a menor ideia.
Mas a amo, muito. E mesmo assim, após anos ela ainda não me conhece, e isso faz eu duvidar se passo a impressão correta até pra quem diz que me ama. Se não me conhece, ama o que?
Sinto falta de me sentir amada por ser eu, por minhas escolhas, pela vida que escolhi.
Ser eu não justifica defeitos, mas convenhamos, todos temos defeitos horríveis.
Foi a melhor em minha vida. Sim, a melhor. E mesmo assim, o fim. Aquele famoso ciclo.
Dói. Machuca. Confunde. Enche a cabeça de uma forma que me deixa louca. Mas sigo firme, porque se precisar sustentar a minha palavra, eu sustento SEMPRE. Mas se preciso fazer o outro sustentar, eu faço também.
Precisamos arcar com nossas palavras, porque elas atingem, acertam, machucam. E me machucou. E quem dera que fosse só uma vez. Não fujo da minha culpa, também. No final, todos somos culpados de algum jeito.
Mas eu sustento.
Eu amo, sinto falta, fico louca. Mas, eu sustento.
Poderia até dar motivo pra tudo que ouvi, mas isso não faz parte de mim. Que eu responda pelos erros cometidos, mas nunca pelo que não sou. Esse esforço de provar algo, eu não faço.
Estou na minha melhor fase. Estou na mais difícil, até então. Quem quiser que me acompanhe. Meu tempo é raro, e o que é raro, é caro. Se eu te dou isso, valorize.
Vim ao mundo solitária. Sou única, sou só, já me acostumei com isso. A razão vencerá a emoção, porque cansei do mais do mesmo.

Espero que o futuro nos junte, mas que no presente a gente cresça, amadureça e consiga se conhecer de novo.

Caso contrário, vida que segue. Se não for pra ser, o fim é apenas o começo.

(E ah, eu até lembrei de assinar no final da folha, mas esse é só o começo dos meus textos fabricados em série sobre você.)

Letícia Figuerêdo

"Não existe amor sem medo" Caos instalado e palavras soltas. 28 Natal-RN/BRASIL - 09/01