Faz tempo que não me visito

Letícia Figuerêdo
2 min readNov 5, 2020

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Faz tempo que não venho aqui. As vezes tenho vontade, mas esqueço como começar. Eu deveria lembrar mais vezes que não tem um jeito certo pra isso.

Mudei muito e melhorei bastante. Fazia tempo que não me visitiva, e quando ia fazer, fugia. Tem coisa que é melhor não mexer. A TPM desperta um lado estranho de mim. Todo mês a mesma coisa, a mesma vontade de bater aquele ponto na visita do “meu eu”. A TPM desperta uma raiva, um medo e uma desconfiança, que eu não sei de onde vem ou de onde veio, mas existe.

Fazia tempo que eu não sentia o coração assim, meio acelerado. Aquela pressão no peito que indica que alguma coisa não vai bem. Tenho a sensação que as vezes estou a um passo do abismo, mesmo tendo consciência que sim, estou bem. Uma vírgula mal colocada e eu sou despertada. Um “eu” que eu não sei controlar muito bem, mas tento. Existe uma revolta com o mundo, uma raiva com o jeito que as coisas acontecem, as vezes sinto que não sou daqui. Eu sempre estou esperando o pior das pessoas e, enquanto isso, elas já enxergaram o pior e se foram.

Algumas coisas da Letícia de 2016 que começou a escrever por aqui ainda existem. O medo constante da perda, do solitário, do adeus. A quarentena só reafirmou o quão sozinha eu sou, mas mais do que isso, solitária. Por outro lado, também me mostrou como eu gosto do meu espaço e de estar só. As vezes o silêncio é o único som que me acalma e me conforta.

Não tenho saudade de como eu sentia as coisas antes. Não tenho saudade de quem eu era antes, nem da vida que eu tinha antes, nem da tristeza que tinha em mim antes. Mas agora tem algo não definido. Eu estou sempre com receio, analisando melhor tudo e todos. Tenho vontade de chutar o balde 5x por dia, mas a preguiça de ir e voltar me paralisa. Aprendi a não sofrer por coisas que não aconteceram ainda. Um passo de cada vez, sempre.

Eu sei que eu voltei aqui pra falar muito e não dizer nada. Mas eu quero ler isso daqui a uns meses e lembrar que eu tinha razão ou não em sentir. Porque no fim só quem escreve conhece o que tem por trás de cada linha. Atrás disso tem minha vida. Se antes um desastre, agora está bem parecido com antes.

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Letícia Figuerêdo

"Não existe amor sem medo" Caos instalado e palavras soltas. 28 Natal-RN/BRASIL - 09/01